quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

HIPÓTESE DO MERCADO DE TRABALHO DUAL


Hipótese segundo a qual o mercado de trabalho estaria dividido em dois setores, o primário e o secundário. Os bons empregos, isto é aqueles que proporcionam bons salários, perspectiva de promoção, segurança, benefícios e vantagens, constituiriam o setor primário; e os empregos ruins, destinados aos que não conseguem entrar no primeiro, constituiriam o setor secundário. Neste último, os salários seriam formados pela competição e existiriam postos de trabalho para todos. A entrada no setor primário não se daria tanto pela falta de capital humano e treinamento, mas por fatores institucionais como a discriminação, pratica restritiva de sindicatos e pela simples escassez relativa de empregos bem remunerados. A solução para o problema não adviria apenas pela remoção dos obstáculos institucionais, mas também pela criação de empregos mais bem remunerados. Esta concepção entra em choque com a visão neoclássica, que interpreta as desvantagens no mercado como um resultado de deficiências nos investimentos em capital humano.


Licença Creative Commons
HIPÓTESE DO MERCADO DE TRABALHO DUAL de DICIONARIO DE ECONOMIA DO SECULO XXI, SANDRONI é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

DESINTERMEDIAÇÃO FINACEIRA


É o processo de deslocamento da realização de transações de intermediação do setor financeiro para o setor não financeiro da economia da economia. As raízes destes fenômenos estão fincadas na atuação direta de grandes empresas no mercado de capitais, na criação de um mercado de títulos e valores que não dependem diretamente da atuação de instituições financeiras e na criação de mecanismos inovadores de transações financeiras que dispensem a atividade clássica de intermediação das instituições financeiras. Quando, por exemplo, investidores ou poupadores retiram suas aplicações de intermediários financeiros (bancos, caixas econômicas etc.) e emprestam diretamente a investidores ou consumidores comprando títulos de divida como duplicatas, ou mesmo cheques pré-datados, estão operando no sentido da desintermediação financeira. Nos momentos em que os diferenciais de taxas de juros aumentam entre o que o cliente de um banco paga por um empréstimo e o quer recebe por aplicar seus recursos nas instituições financeiras, a desintermediação torna-se mais atraente, valendo a pena para o aplicador correr maiores riscos, mas obter um remuneração maior por seu investimento.




Creative Commons License
O Noticiário Econômico está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-No Derivative Works 3.0 Brasil

quinta-feira, 16 de junho de 2011

FCVS - Fundo de Compensação das Variações Salariais

Este fundo foi criado em 1967 para compensar os agentes financeiros (bancos) que faziam financiamentos habitacionais dentro das condições do Sistema Finaceiro da Habitação(SFH). Pelas regras do SFH, a dívida dos mutuários era gravada com os juros pagos pelas cadernetas de poupança, mas as pretações eram corrigidas pelas variações salariais (dos mutuários). Como os dois índices não se desenvolviam na mesma proporção, a diferença era coberta pelo FCVS, no final dos contratos. Ou melhor, no final dos contratos, havia um resíduo, pois as pretações (corrigidas pelos reajustes salariais) não cobriram a totalidade da dívida (reajustadas pela remuneração da poupança). Essa diferença se ampliou durante os anos de 80 com a elevação da inflação e das taxas de juros, pois os salários foram reajustados em níveis bem inferiores. O FCVS tornou-se crescentemente deficitário.
Em 1985 e 1990, durante o governo Sarney (mais especificamente durante o Plano Cruzado, em 1986), o governo aplicou um redutor sobre as prestações dos mutuários, elevando consideravelmente a diferença entre as prestações e o saldo devedor, fazendo crescer o rombo no FCVS. A partir de 1988, os novos financiamentos deixaram de ser cobertos pelo FCVS.
Creative Commons License
O Noticiário Econômico está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-No Derivative Works 3.0 Brasil.

Fonte: Dicionário de Economia do Século XXI

segunda-feira, 2 de maio de 2011

MARKUP E MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Markup - É um termo em inglês que significa a diferença entre o custo total de produção de um produto e seu preço de venda ao consumidor final. A diferença indica o custo da distribuição física, ou seja, quanto custa levar o produto de onde está armazenado até as mãos do consumidor final, mais o lucro do produtor, dos intermediários e dos varejistas. Por exemplo, se o custo de produção de um produto é igual a R$20,00, e o preço ao consumidor final deve ser 30% mais elevado(ou um markup de 30%), o preço final ao consumidor deverá ser: R$20,00 + (30% de R$20,00) = R$20,00 + R$6,00 = R$26,00.
Margem de Contribuição - É a diferença entre o preço de venda de um produto e seu custo variável (MC = Pv-Cv). Se o preço de venda de um produto for igual a R$10.000,00 e o custo variável desse produto se elevar a R$6.000,00, a margem de contribuição será igual a R$4.000,00. Isso significa que cada real de vendas contribui com 40 centavos para a cobertura dos custos fixos, quais, dependendo do volume de vendas, podem ser ultrapassados, sendo gerados, nesse caso, lucro à empresa. A margem de contribuição também chamada de “contribuição para o custo fixo”, “saldo marginal” ou “receita marginal”.

Fonte: Dicionário de Economia do Século XXI.

O Noticiário Econômico está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-No Derivative Works 3.0 Brasil.


terça-feira, 15 de março de 2011

Qualificação profissional e educação não garantem o futuro



Todo mundo sabe que a educação é um fator fundamental para o sucesso econômico. E todos sabem que os empregos do futuro exigirão níveis de qualificação cada vez mais elevados. Foi por isso que, ao dar uma declaração quando estava acompanhado do ex-governador da Flórida Jeb Bush, na última sexta-feira, o presidente Barack Obama afirmou: “Se nós desejarmos mais boas notícias sobre empregos, precisaremos investir mais em educação”. Mas há um erro em relação a esta verdade conhecida por todos.
No dia seguinte ao evento do qual Barack Obama e Jeb Bush participaram, o “The Times” publicou um artigo sobre o uso crescente de softwares para a realização de pesquisas na área de direito. Os computadores são capazes de analisar rapidamente milhões de documentos, realizando de maneira barata uma tarefa que antigamente exigia um batalhão de advogados e especialistas em direito. Neste caso, então, o progresso tecnológico está na verdade reduzindo a demanda por trabalhadores com alto nível educacional. E as pesquisas na área de direito não se constituem em um exemplo isolado.
Conforme o artigo observa, os programas de computador estão também substituindo engenheiros em certas atividades, como o design de chips. Falando de forma mais abrangente, a ideia de que a tecnologia moderna elimina apenas os empregos para trabalhadores não qualificados, e de que os profissionais de alta qualificação são os nítidos vencedores, pode prevalecer nas discussões populares, mas a verdade é que tal ideia está na verdade superada há décadas.
O fato é que desde mais ou menos 1990 o mercado de trabalho dos Estados Unidos caracteriza-se não por um aumento generalizado da demanda por qualificações, mas sim por esvaziamento de uma “zona intermediária”: o número de empregos de alta e de baixa remuneração têm crescido rapidamente, mas o daqueles de remuneração média – ou seja, aquele tipo de trabalho que sustenta uma classe média robusta – tem ficado para trás. E esse buraco no campo intermediário do mercado de trabalho tem aumentado continuamente: muitas das ocupações de alta remuneração que cresceram rapidamente na década de noventa têm crescido muito mais lentamente nos últimos tempos, ainda que o índice de empregos de baixa remuneração tenha se acelerado. Por que isso está acontecendo?
A crença de que a educação está se tornando cada vez mais importante se baseia na ideia aparentemente plausível de que os avanços tecnológicos resultam em um aumento das oportunidades de emprego para aqueles indivíduos que trabalham com informação – ou, em outras palavras, na ideia de que os computadores ajudam aqueles que trabalham com o cérebro, prejudicando ao mesmo tempo as pessoas que fazem trabalhos manuais.
Alguns anos atrás, porém, os economistas David Autor, Frank Levy e Richard Murnane argumentaram que esta era a forma errada de pensar a respeito dessa questão. Eles observaram que os computadores são excelentes para as tarefa que envolvem rotina, “tarefas cognitivas e manuais que são realizadas mediante o seguimento de regras explícitas”. Portanto, qualquer tarefa rotineira – uma categoria que inclui muitos empregos qualificados, não manuais – encontra-se na linha de fogo.
Por outro lado, os trabalhos cuja execução não se dá mediante o seguimento de regras explícitas – uma categoria que inclui vários tipos de trabalho manual, de motoristas de caminhão a zeladores de edifícios – tenderão a crescer mesmo com o progresso tecnológico. A questão fundamental é que a maioria do trabalho manual que ainda está sendo realizado na nossa economia parece ser de um tipo que é difícil de automatizar.
Notavelmente, com os operários respondendo por cerca de 6% do emprego nos Estados Unidos, não restaram muitos empregos nas fábricas para serem perdidos. Enquanto isso, muitos trabalhos qualificados que são atualmente realizados por profissionais de alto nível educacional e que geram um pagamento relativamente elevado poderão ser em breve computadorizados. O aspirador de pó robotizado Roomba pode ser engraçadinho, mas falta muito ainda para que tenhamos robôs atuando como zeladores de prédios. Mas a pesquisa computadorizada na área de direito e os diagnósticos médicos auxiliados por computadores já fazem parte da realidade atual.
Além disso, há a globalização. Antigamente, só os trabalhadores de fábricas precisavam se preocupar com a concorrência do exterior, mas a combinação de computadores e telecomunicações tornou possível o fornecimento de diversos serviços à distância. E as pesquisas dos meus colegas da Universidade de Princeton, Alan Blinder e Alan Krueger, sugerem que os trabalhos de alta remuneração feitos por profissionais de elevado nível educacional são mais fáceis de serem transferidos para o exterior do que aqueles desempenhados por trabalhadores de remuneração e nível educacional mais baixos.
Caso eles estejam certos, a tendência crescente de internacionalização dos serviços esvaziará ainda mais o mercado de trabalho dos Estados Unidos. Então, o que tudo isso nos diz a respeito de políticas públicas? Sim, nós precisamos consertar o sistema educacional dos Estados Unidos. Em especial, as desigualdades que os norte-americanos enfrentam logo no início – crianças brilhantes oriundas de famílias pobres têm uma probabilidade menor de concluírem um curso superior do que os crianças bem menos capazes, mas que são filhas de indivíduos afluentes – não se constituem apenas em um escândalo; elas representam também um enorme desperdício do potencial humano do país.
Mas existem certas coisas que a educação não é capaz de fazer. Em especial, a ideia de que fazendo com que mais jovens cursem a universidade nós seremos capazes de restaurar aquela sociedade de classe média com a qual estávamos acostumados é inteiramente falsa. Ter um diploma superior não representa mais garantia de um bom emprego, e isso está se tornando cada vez mais verdadeiro a cada década que passa. Portanto, se quisermos uma sociedade na qual a prosperidade seja amplamente compartilhada, a educação não é a resposta – nós teremos que procurar construir tal sociedade diretamente.
Precisamos restaurar o poder de negociação que o trabalho perdeu nos últimos 30 anos, de forma que tanto os trabalhadores comuns quanto os super astros contem com a capacidade de negociar por melhores salários. Nós temos que garantir as coisas essenciais, em especial o acesso aos serviços de saúde, a todos os cidadãos. O que não conseguiremos fazer é atingir esse objetivo apenas dando diplomas universitários aos trabalhadores. Esses diplomas poderão representar cada vez mais a entrada em empregos que não existem ou que não pagam salários de classe média.

Paul Krugman

Professor de Princeton e colunista do New York Times desde 1999, Krugman venceu o prêmio Nobel de economia em 2008


Creative Commons License
O Noticiário Econômico está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-No Derivative Works 3.0 Brasil.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Modelo Cepalino de Superação da Condição Periférica

Historicamente, a inserção da economia latino-americana no comercio internacional esteve relacionada à oferta de produtos primários, seguindo o modelo da lei das vantagens comparativas. No entanto, o aumento de produtividade alcançado por esse setor estava muito aquém daquele verificado nos países centrais, o que acabava por gerar acentuadas diferenças nos padrões de vida das populações de ambas regiões.
O governo querendo estimular a demanda interna criou-se o PSI – Programa de Substituição de Importação, substituindo a demanda externa pela demanda interna. Além de endogenizar do máximo de renda real, isto é, de bens e serviços requeridos pela população de acordo com a natureza de sua demanda. Mas o PSI proposto pela CEPAL não deveria ser entendido enquanto um processo em si, com fins voltados exclusivamente para o atendimento do mercado interno.
O desenvolvimento econômico de alguns países latino-americanos e sua assimilação a técnicas modernas esteve intimamente ligado à realização de consideráveis investimentos estrangeiros. Porém, a proposição de se estruturar um capitalismo autônomo na região pressupunha a consolidação de uma base de financiamento própria, para a qual seria necessária uma ampliação da acumulação de capital e da capacidade de poupança.
A idéia da fundamental participação do Estado enquanto agente promotor e impulsionador do desenvolvimento advêm da clara noção de que o mecanismo do mercado conduzia resultados economicamente perversos, e que tendiam a ampliar a grau de instabilidade das economias. O investimento estatal foi fundamental, pois, sem ele a estrutura de economia permaneceria obsoleta e periférica, e por isso travaria a implantação de setores modernos, necessários à modificação da pauta de importação.
Um último e importante aspecto a se destacar sobre a CEPAL clássica, e que tem imbricado relação com o fato da Agencia propor políticas que pressupõem a manutenção das estruturas de poder já existentes, trata da sua relação com o modo de produção capitalista.

Creative Commons License
O Noticiário Econômico está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-No Derivative Works 3.0 Brasil.








segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A CEPAL Clássica e o Processo de Substituição de Importações

A concepção cepalina, apesar de estar fundamentada nos preceitos da Teoria do Desenvolvimento, apresentava diversos avanços em relação às formulações anteriores, principalmente por enxergar que os problemas vividos pela periferia eram decorrentes das relações estabelecidas no marco do capitalismo mundial e das relações econômicas internacionais. Assim, ao perceber que a economia mundial como um único e desigual sistema no qual convivem países centrais que estão na linha de frente ao desenvolvimento e do progresso técnico – e paises periféricos – marcados pelo atraso tecnológico e organizativo – a emergência dessa corrente teórica acabou marcando um ponto de inflexão em termos do desenvolvimentismo latino americano. O CEPAL se mostrava a criticas as leis das vantagens comparativas, que advogava uma divisão internacional do trabalho sustentado nas “vocações regionais” isto é, numa condição natural dos países para ofertar produtos que tivessem condições comparativamente mais favoráveis.
O pensamento estruturalista recomendava que os países da periferia fosse aplicada uma política econômica adequada, com medidas corretivas em direção ao comercio internacional e que criasse reais possibilidades de desenvolvimento, ou seja, uma política que levasse esses países alcançar um desenvolvimento autônomo.

Creative Commons License
O Noticiário Econômico está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição-No Derivative Works 3.0 Brasil.